Laís Gomes Porto Carreiro Rivas
Assessora de Inovação e integrante do Laboratório de Inovação, Inteligência e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, bacharel em Direito e Especialista em Direito Constitucional pela Universidade Vila Velha, mediadora judicial e facilitadora de comunicação não violenta e círculos de construção de paz.
Leia a seguir a entrevista realizada pela equipe editorial do Ciência em Debate com Laís Gomes Porto Carreiro Rivas. Ela é assessora de inovação do TRE-BA, e divide um pouco da sua experiência com a implantação e cotidiano do Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (LIODS – TRE – BA).
Quais os objetivos do Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (LIODS-TRE-BA) e como se deu a implantação do laboratório no Tribunal?
L.G.P.C. Em outubro de 2020, a portaria nº 747, instituiu o Laboratório de Inovação, Inteligência e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Justiça Eleitoral (Liods-JE).
O Tribunal Regional da Bahia, historicamente um tribunal inovador, seguindo os passos do TSE, instituiu pela portaria nº 239, de 19 de abril de 2022 o Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia
Com caráter estratégico objetiva auxiliar no aprimoramento das atividades por meio da difusão da cultura da inovação, tem a finalidade de implementar ideias que criem uma forma de atuação e gerem valor para a instituição, seja por meio de novos produtos, serviços e processos de trabalho ou outra alternativa eficaz de solucionar problemas encontrados no desenvolvimento das atividades que lhe são afetas.
Hoje em dia, qual a estrutura e dinâmica de funcionamento do laboratório?
L.G.P.C. Os(as) servidores(as) do LIODS-TRE-BA foram designados(as) por portaria específica da Presidência do TRE/BA. Atualmente é administrado pela Secretária-geral da Presidência e coordenado pela Coordenadoria de Planejamento de Estratégia e Gestão e tem como integrantes representantes de diversas unidades do regional, podendo ainda haver convocação de servidores(as) representantes de outras unidades sem prejuízo de suas atribuições ordinárias, assim como o convite a magistrados(as), para colaborar no desenvolvimento das nossas atividades.
No ano de sua criação, o laboratório atuou de forma incipiente com reuniões online e atuação em projetos específicos como ida às escolas e esclarecimentos do Processo Eleitoral democrático. Para 2023 pretendemos expandir os encontros, encorajar os servidores a participar do nosso “Banco de boas práticas” e colher muitos frutos desse movimento.
Ao seu ver, quais as principais contribuições que a implantação do laboratório traz para a instituição?
L.G.P.C. Os Laboratórios de inovação no setor público são ambientes colaborativos que buscam fomentar a criatividade e a experimentação. Para Inovar é preciso dar o primeiro passo, e o laboratório é um espaço preparado para acolher e movimentar, gerando experiências capazes de afastar o medo e outros sentimentos que possam ser obstáculos à inovação.
Você também está trabalhando coletivamente para a construção de uma Rede de Inovação do Poder Judiciário. Pode nos dizer qual o cenário e desafios das iniciativas de inovação nesse setor?
L.G.P.C. Compreendendo que a Inovação faz parte de um sistema que deve ser articulado de forma a permitir a produção de conhecimento, a transformação do conhecimento em soluções e a transformação de soluções em ganhos para sociedade, a criação da Rede de Cooperação entre os LIODS de Gestão Pública do Estado da Bahia proporcionará o crescimento não como uma eficiência individual e sim coletiva, baseada na união de esforços e na cooperação entre os envolvidos, possibilitando que os obstáculos particulares de cada órgão local possam ser superados a partir da ação conjunta, diversamente do que pode ocorrer em uma atuação isolada.
Vocês realizam alguma parceria com instituições de ensino?
L.G.P.C. Entendemos e valorizamos o trabalho desenvolvido pela gestão integrada, acreditando que gera frutos capazes de contribuir para o aprimoramento da Gestão Pública na prestação dos serviços à sociedade, bem por isso o Tribunal constantemente firma parcerias com instituições de ensino. Vale citar que em parceria com a Universidade Federal da Bahia, estabeleceu o projeto de capacitação em Residência em TI, cujo Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Identificação de perfil de eleitores faltantes em pleitos eleitorais – uma análise no TRE da Bahia, apresentado pela servidora da Justiça Eleitoral, Mirela Gico Casado e por Daniela Barreiro Claro, foi destacado pelo Laboratório para fins de cumprimento da Meta Nacional 9.
Nesse contexto, identificadas anomalias, padrões e correlações em grandes conjuntos de dados para prever resultados, a partir da aplicação da mineração de dados no cadastro de eleitores da cidade de Salvador/BA, evidenciou-se tendências do perfil de eleitor que possivelmente não votaria nas eleições.
Bem por isso, o LIODS, responsável pela Meta Nacional 9 no âmbito do TRE/BA, deu início às tratativas entre as unidades que compõem o aludido laboratório, notadamente a Escola Judiciária Eleitoral (EJE), com o intuito de empregar os dados obtidos para realização de campanhas esclarecedoras e motivadoras que objetivaram a diminuição da ausência dos eleitores às urnas.
Por fim, tem algo mais que queira pontuar sobre o LIODS-TRE-BA, esse importante passo para modernização da gestão pública?
L.G.P.C. Gostaria de ressaltar que os principais objetivos da gestão pública é a garantia de que o atendimento ao público funcione de maneira eficiente, bem como o aproveitamento racional de recursos financeiros. Os Laboratórios surgem como mais uma ferramenta capaz de ajudar a promover celeridade, desburocratizar os processos e trazer mais satisfação para o usuário final dos serviços: o cidadão. Mas para que toda essa lógica faça sentido, é preciso SENTIR. Para qualquer inovação, é necessário se colocar no lugar do outro, conhecendo suas necessidades e procurando soluções. Toda ideia ou boa prática apresentada precisa ser acolhida, analisada e valorizada, e o laboratório deve ser o espaço para isso. A empatia guia os passos do LIODS-TRE-BA.